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Fazer musculação cura a diabetes?

8 Jun 2024 - 08:30
falso

Fazer musculação cura a diabetes?

Num vídeo partilhado nas redes sociais insinua-se que a prática de musculação cura a diabetes, ao dizer-se que “nunca se vai ver um diabético praticando musculação”. 

O autor desta afirmação justifica-a dizendo que, ao “queimar e rasgar músculo”, o organismo vai “queimar todo o açúcar”.

Mas será esta afirmação é verdadeira? Francisco Sousa Santos, endocrinologista e autor da página Hormonas em Bom Português, explica ao Viral o que diz a ciência sobre esta alegação.

Fazer treinos de musculação cura a diabetes?

Os treinos de musculação não curam a diabetes, como é insinuado nesta publicação. Ao contrário do que é referido no vídeo, existem pessoas que realizam treinos de musculação e têm diabetes – e até é provável que o façam, já que a atividade física faz parte das recomendações de tratamento para pessoas com diabetes

Francisco Sousa Santos explica que o treino de resistência e a musculação, em particular, “têm benefícios na prevenção e controlo da diabetes tipo 2”. 

O treino de resistência pode “melhorar a sensibilidade à insulina” e ajudar a reduzir a gordura corporal, principalmente a gordura visceral (que envolve os órgãos, sendo mais prejudicial em termos metabólicos e cardiovasculares).

Por sua vez, o aumento da massa muscular, decorrente da musculação, poderá ter impacto nos níveis de glicemia (açúcar no sangue), uma vez que atua “como um motor para queimar glicose”, explica Francisco Sousa Santos.

No entanto, aponta o especialista, “saltarmos daqui para a alegação de que o treino de resistência cura a diabetes, eu diria que é muito pouco provável”, remata o especialista.

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A Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo (SPEDM) recomenda a prática de atividade física para doentes com diabetes tipo 1 e tipo 2

“A atividade física é essencial para a prevenção, tratamento e controlo da diabetes”, justifica a SPEMD, ressalvando que a escolha do tipo de exercício – aeróbio ou anaeróbio – depende das preferências individuais.

“Se realizado com regularidade, o exercício físico contribui para a redução da gordura visceral, diminuição da resistência à ação da insulina nos tecidos e consequente melhoria do controlo da diabetes”, pode ainda ler-se.

Além disso, a prática de atividade física regular “diminui o risco cardiovascular, permite aumentar a massa muscular e a densidade mineral óssea.” Ajuda ainda a controlar o peso corporal do paciente e a promover o bem-estar.

Também a Sociedade Portuguesa de Diabetologia recomenda a “correção do estilo de vida com a adoção de hábitos alimentares e de exercício físico adequado”, sublinhando que esta prática deve ser promovida junto de pessoas com diabetes “ao longo de toda a evolução da doença”.

No mesmo sentido, a Associação Portuguesa de Nutrição apresenta a “tríade fundamental para tratamento de diabetes”: prática de exercício físico, medicação (quando necessário) e uma alimentação saudável (baseada nos princípios da roda dos alimentos).

A diabetes é considerada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) uma doença metabólica crónica, ou seja, que não tem cura. É caracterizada por elevados níveis de glucose no sangue e pode estar associada, por exemplo, a problemas graves de coração, visão, rins e nervos.

Existem dois tipos de diabetes: diabetes tipo 1, em que o paciente não produz insulina (ou produz muito pouca), e diabetes tipo 2, quando o organismo se torna resistente à insulina ou não produz o suficiente para responder à quantidade de açúcar no sangue.

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“Nas últimas três décadas, a prevalência de diabetes tipo 2 tem aumentado dramaticamente nos países de todos os níveis financeiros”, alerta a OMS.

Concluindo, é falso que a musculação cura a diabetes. No entanto, a atividade física regular faz parte das recomendações de tratamento, uma vez que tem efeitos positivos no controlo da glicemia, na resistência à insulina e na busca por um estilo de vida saudável.

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8 Jun 2024 - 08:30

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